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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

birras e autismo











BIRRAS E CRISES NO AUTISMO

Li este artigo e achei tão interessante que resolvi partilhar aqui. Explica muito bem as crises que são tão confundidas com birras e nos ajudam(pais e professores) a diferencia-las para podermos lidar melhor com estas crianças.
Testemunho da mãe:
…”O André já passou - e ainda passa- por isso. Com o tempo aprendemos a diferenciar crises de birras, e como lidar com elas. Sabemos por exemplo, que ele fica muito frustrado quando diz (fala) algo e a outra pessoa não o entende. Mas é muito difícil para quem não nos conhece ou conhece seu problema diferenciar ou entender. Já me apercebi de muita gente olhando feio, achando que ele é mimado e birrento, ou mal-educado. Já respondi grosseiramente, que ele é mais educado que muitas crianças neurotípicas que dão birra por realmente serem mimadas. O que essas pessoas não têm é senso de perguntar se algo está errado, antes de julgar. Não tem como eu viver explicando que são crises devido ao problema que ele tem, por isso, na maioria das vezes eu prefiro ignorar. Só explico mesmo para aqueles que interessa, e que se interessam pelo bem estar dele. O resto é o resto, infelizmente. Pois se as pessoas realmente parassem para observar e perguntar, e conhecê-lo, veriam que com autismo e tudo, ele ainda é muito mais meigo e educado que um monte de crianças ditas normais. Vamos ao texto, que é muito interessante mesmo.”
AUTISMO E CRISES: Muitas vezes andam de mãos dadas...Quase todos os pais de crianças neurotipicas ou autistas são obrigados a lidar com uma birra em algum momento, mas as birras das crianças autistas são geralmente muito mais graves do que as  birras" normais", por isso são chamadas de Colapsos (Meldowns)...

Bem, para se gerir os "meltdowns" (Colapsos) nestas crianças, é importante entender as causas que estão por detrás delas. Embora cada criança seja diferente, as mesmas questões básicas desencadeiam a maioria das crises em crianças com autismo.



Fazer a ligação entre birras e Autismo
As crianças muitas vezes têm acessos de raiva quando estão excessivamente cansados, irritados ou aborrecidos. Nestes, os acessos de raiva são geralmente ligeiros e cessa quando a criança percebe que o pai ou a mãe não estão a prestar atenção. 
Já em crianças autistas, acessos de raiva podem aumentar e tornar-se violentos. Crianças com autismo podem não compreender ou lembrar porque eles estão aborrecidos, e os "colapsos" não aliviam ou param quando ignorados. Estas crianças experimentam uma maior perda de controle do que as outras crianças.

A interrupção da rotina
Mesmo  pequenas mudanças na rotina podem desencadear crises e colapsos em crianças autistas. Rotinas e horários permitem que eles possam sentir-se seguros e no controle do seu ambiente. Saber que, por exemplo, à hora do lanche sempre se segue uma soneca, ou que a terapia ocorre todas as tardes antes do jantar, reduz a ansiedade e proporciona conforto.

Superestimulação e sobrecarga sensorial
Muitas crianças com autismo ficam mais estimuladas por barulho ou atividade no meio ambiente . As crianças autistas são mais propensas do que outras crianças a sofrer de distúrbios de integração sensorial que aumentam a sua sensibilidade à luz, barulho,cheiro ou certas texturas. Estímulos ambientais, tais como publicidades luminosas, luzes que piscam na televisão, salas superaquecidas, tapete áspero, ou cães a ladrar, tudo pode causar um colapso.

Dificuldades Frustração e Comunicação
As crianças autistas têm dificuldade para compreender as direções, e em expressar os seus pensamentos e sentimentos, e a formação de conexões entre as palavras e seus significados. 
Devido à sua incapacidade de se comunicar, essas crianças são facilmente frustrados e mais propensas a colapsos e fúrias.

Questionar o seu filho para determinar a fonte de sua frustração é geralmente uma má ideia, enquanto ele está  passando por um colapso. Você provavelmente aumentará sua frustração e fazer com que o colapso se intensifique ainda mais...

Gestão dos colapsos, em crianças autistas
Como as crianças autistas têm acessos de raiva por razões diferentes das outras crianças, e porque eles são incapazes de se expressar claramente, a gestão dos seus colapsos pode ser difícil. As crianças autistas raramente usarão as birras  para manipular os adultos ou provocar uma resposta emocional das pessoas, o que torna a punição uma estratégia ineficaz. 

A prevenção dos colapsos é muito importante, pois tentar pará-los, uma vez que começam, é quase impossível. 
Colapsos autistas podem piorar rapidamente de violentos a raivosos e perigosos. 



Atenha-se a um rigoroso calendário
Uma das maneiras mais fáceis para garantir a ausência de colapsos é criar uma rotina. Antes de começar, você deve passar alguns dias a observar o  seu filho e as  suas preferências. Se o seu filho acorda sempre à mesma hora todas as manhãs, ou torna-se cansado, à mesma hora todas as noites, deve registar essas informações e usá-las como base para o resto da sua programação. Depois de ter estabelecido uma rotina em sua casa, seu filho autista provavelmente vai-se sentir mais confortável e seguro, e os acessos de raiva deverão tornar-se cada vez menos frequentes.

Reduzir a Estimulação ambiental
Se o seu filho reage negativamente a ruídos altos, luzes brilhantes, ou temperaturas quentes, considere fazer algumas mudanças no ambiente para reduzir esses “gatilhos”. Criar um espaço calmo em casa  para o seu filho ir quando ele se sentir mais estimulado ou frustrado, e fazer um esforço para reduzir o nível de atividade geral dentro de casa durante as horas que o seu filho está em casa e acordado, é uma medida acertada. O silêncio, a música calma, ou o som de aquarios de peixes suaviza algumas crianças autistas. Pode levar algum tempo para determinar o que funciona melhor para seu filho em específico, por isso não desanime se suas primeiras tentativas falham.

Redirecionamento e Distração
Quando você sentir que um  colapso está iminente, pode ser possível redirecionar a atenção da criança para evitar uma crise e colapso nervoso. Distraia o seu filho, desviando sua atenção para uma atividade calma, ou introduza um objeto de conforto para acalmá-lo. Se o seu filho quer ser deixado sozinho, faça o que ele quer e saia da sala. No entanto, fique dentro do alcance de audição, no caso de ele precisar de si ou perder o controle e se colocar em perigo. Muitas vezes, uma mudança de ambiente é suficiente para prevenir que uma crise ocorra.

Mantendo o seu filho autista em segurança
A segurança deve ser sua principal preocupação na gestão de colapso no autismo. As crianças autistas podem perder o controle emocional e físico rapidamente, o que pode levar a mobília partida em pedaços. Se acredita que o colapso vai ter essas dimensões, é importante  levar o seu filho para um local mais seguro e remover quaisquer perigos no ambiente imediato. Se o seu filho autista se torna uma ameaça para si mesmo ou aos outros, é importante procurar ajuda externa.
Deverá desenvolver um plano de emergência de segurança com o médico do seu filho ou terapeuta, e colocar esse plano em ação antes que a criança se magoe. Consultar o médico do seu filho se as crises parecem estar a piorar em frequência ou intensidade, pois podem causar enxaquecas, distúrbios convulsivos….Com algum tempo e esforço, é possível compreender e controlar os colapsos do seu filho.

FONTE: 


Publicado por Paula Sofia

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vozes e sensações







 Vozes e Sensações


Aqui da janela dos meus olhos,
Há vida à vista: 

Em cada gota de água sombreada de aurora e ternura,
Desfilam lágrimas com chuva à mistura,
Corrente que alinha o musgo e o liquen mais atrás,
Solta leves reflexos de brilhos prateados em lilás.
Água de lustro, que na areia cristalina transparece,
Toda a paisagem que uma cascata enobrece.
Ora inibe, ora impele, acalma e aplana,
Numa breve pose moderadamente humana…!

Aqui do átrio dos meus ouvidos,
Há vida à escuta:

Enevoada, germinante e decadente,
É cada folha que luta por luz solar,
Recua e avança, suave e reluzente,
Buscando espaços para habitar.
Da cor do horizonte no Sol poente,
É o bailado agreste de qualquer árvore,
Compondo música, com o talento que sente,
Chamando a noite, enquanto o dia desfalece…!

São vozes e sensações:
      
Que tentam entrar,
Logo irão sair…
Porque não as posso guardar,
Tenho de as deixar ir…
Não se importam nem se estorvam,
Mas não são uma tela, paleta ou canção.
Apenas flúem e flutuam,
Nesta fronteira entre a mente e o coração…!

( Depois fecha-se a janela e o átrio, que ensonados contam seus sonhos um ao outro.
 E perguntam: - Será que a Natureza é eterna? Ou…n…zzz )


OBSERVAÇÃO:
 dedicado a todos os invisuais e surdos que expressam sensações, mesmo sem as ver ou ouvir.
 E também a todos os visuais e ouvintes, que às vezes,  parecem viver sem sentir…


Poema da autoria de  José Teixeira 
(Professor de Educação Especial- Agrupamento Gil Paes)