Os Símbolos
de Comunicação Pictórica (PCS) formam um sistema de comunicação completo
e foram originalmente desenhados para criar, rápida e economicamente,
recursos de comunicação consistentes e com acabamento profissional. São
utilizados extensivamente em inúmeros tipos de atividades de
aprendizado. Os PCS foram criados no início dos anos 80 pela
fonoaudióloga americana Roxanna Mayer Johnson e compõe atualmente o
conjunto de símbolos mais difundido no mundo inteiro.
As crianças
com autismo, especialmente os mais jovens, freqüentemente tem grandes
dificuldades para usar a linguagem expressiva. Cerca de 80% das crianças
com autismo que entram nas escolas públicas com idade igual ou menor
que 5 anos, não demonstram linguagem útil. Para estas crianças e outras
que podem ter alguma fala, mas que
raramente a utilizam em seu
benefício, intervenções intensas e altamente estruturadas seriam
necessárias para se conseguir que se desenvolva a linguagem. Outra das
principais dificuldades com as que se enfrentam as crianças pequenas com
autismo, é como eles se relacionam com as situações sociais. Estas
crianças raramente começam uma interação com os adultos e usualmente não
a mantém, ainda que iniciada pelos adultos. Desde cedo, a maioria das
nossas interações sociais envolvem a linguagem; isto indica que estas
crianças enfrentam o problema em dobro.
Muitos pais e
profissionais tem tentado ensinar a suas crianças silenciosas a falar.
Tal treinamento freqüentemente começa por tratar de ensinar à criança a
olhar para o adulto diretamente a sua cara e olhos. Ainda que este tipo
de ensinamento funcione, necessita muitas semanas ou meses. A seguir, a
criança é ensinada a fazer vários sons e eventualmente, imitá-los. Este
passo também necessita muito tempo. Finalmente, a criança é ensinada a
mesclar os sons em palavras, estas freqüentemente selecionadas pelos
adultos. Durante todo este tempo de ensinamento, a criança continua sem
ter um tranqüilo e útil método de comunicar-se com outra pessoa.
Algumas pessoas tem tratado sistemas de comunicação ALTERNATIVOS,
isto é, estilo de comunicação que não envolvem a fala. A linguagem dos
sinais é um deles e também é o de imagens e outros símbolos visuais.
Vários fatores contribuem para tornar estes sistemas relativamente
lentos de se aprender. Por exemplo, a linguagem dos sinais necessita
imitação, algo não muito fácil para as crianças com autismo. Os sistemas
de imagens(pelo menos até agora), ensinam a sinalizar(apontar com o
dedo) as imagens. Contudo, sinalizar freqüentemente é confuso para a
criança e para o adulto, porque a criança nem sempre tem a atenção do
adulto ou olha que a imagem é uma imagem de..., ou a criança aponta
repetitivamente uma ou mais imagens.
O Sistema de Intercâmbio
de imagens PECS (Picture Exchange Communication System) foi desenvolvido
pelas dificuldades ao longo dos anos, com outros programas de
comunicação (Bondy e Frost 1994). O sistema já foi utilizado com 85
crianças em Delaware, de 5 anos de idade ou menores e que não tinham
feito o uso da fala até o momento de entrar na escola. Das 66 crianças
que usaram o PECS por mais de um ano, 44 já usam uma linguagem
independente e 14 a usam ajudados por sistemas de imagens(ou palavras
escritas. Sete destas crianças já não são educacionalmente identificados
como autistas e mais de 30 já foram colocados em salas de aulas para
crianças com incapacidades leves. Os terapeutas, entusiasticamente
apoiam e usam o sistema e os pais tem usado o sistema em casa ou na
comunidade. O PECS se adquire muito rapidamente; muitas crianças
aprendem o intercâmbio fundamental no primeiro dia de treinamento. Um
aspecto importante do PECS é que são as crianças que iniciam o processo
de comunicação(são elas que iniciam a interação).
Eles não
aprendem a esperar ou depender dos adultos para comunicar-se. Eles,
imediatamente expressam suas necessidades aos adultos que podem
satisfazê-las. Aprender o PECS também tem conseguido um dramático efeito
de reduzir as preocupações pelo manejo do comportamento destas
crianças, tanto nas escolas como em casa.
O PECS começa por
encontrar coisas que atraem as crianças(isto é, coisas que as crianças
querem). Estes alimentos podem ser alimentos, bebidas, brinquedos,
livros, ou qualquer coisa que a criança constantemente busque e goste de
ter. Depois que o adulto(terapeuta ou pai) saiba o que é que a criança
quer, uma vez que já realizou esta observação, então uma
imagem(fotografia, colorida, ou desenho linear em preto e branco), é
feito deste objeto. Suponhamos que a criança goste de passas. Enquanto a
criança trata de alcançá-las, um terapeuta fisicamente orienta á
criança a apanhar a imagem das passa e colocar na mão aberta do segundo
terapeuta - o que tem as passas. Enquanto a imagem é colocada na mão, o
terapeuta diz: "Ah! Você quer uma passa!"(ou algo semelhante) e
imediatamente da as passas para a criança. À criança NÃO se pergunta o
que é que ela quer. À criança NÃO se pede que pegue a imagem. O
terapeuta não diz NADA até que a criança ponha a imagem na mão aberta.
Lentamente, com o tempo, a ajuda física para apanhar a imagem, é
retirada, da mesma forma a ajuda para deixá-la na mão de outro
terapeuta. Com pouco tempo de várias interações, a criança tem a
iniciativa de começar a interagir, tomando a imagem e entregando a um
terapeuta.
O passo seguinte resulta em afastar o terapeuta,
para que a criança tenha que fazer esforço para chegar até ele. Várias
pessoas devem agora estar envolvidas em receber imagens - mas só com a
imagem das passas neste ponto. Uma vez que a criança é ensinada a usar a
imagem com várias pessoas, então mais imagens de coisas que lhe
agradem, serão agregadas. Não obstante, neste ponto, à criança se
apresenta uma imagem de cada vez. Depois de estar algum tempo usando
várias imagens, uma a uma, então o terapeuta poderá colocar 2 imagens em
um tabuleiro(quadro), depois 3, quatro, etc.. Uma criança usando o
sistema neste ponto, enquanto que aparentemente faz umas tantas coisas,
tem aprendido algumas habilidades extremamente importantes. Quando a
criança desejar algo, irá ao tabuleiro de imagens, apanhará uma, irá a
um adulto, porá a imagem na mão do adulto e esperará receber o que
solicitou. A criança irá tranqüilamente a um adulto para obter algo, em
lugar de tratar de obter o objeto enquanto ignora o restante das das
pessoas. A importância da criança INICIANDO a interação não deve ser
exagerada. A criança NÃO é dependente dos adultos. O sistema PECS logo
ensinará a criança a criar enunciados simples como "Eu
quero"....."biscoitos", usando várias imagens e uma "tira de frases". A
criança deverá seguir entregando a frase a um adulto. O sistema PECS
então ensinará a criança a diferença entre solicitar(pedir) e
comentários simples como "Eu tenho", "Eu vejo", "Tem um...". para
algumas crianças este passo é difícil e requererão algum "ajuste fino".
PECS continuará expandindo o número de imagens por enunciado e o número
de conceitos sobre os quais a criança poderá se comunicar. Em nossa
experiência, crianças que empregam entre 50 e 100 imagens,
freqüentemente começam a falar enquanto manuseiam as imagens.(Algumas
crianças começam a falar muito antes, enquanto outras crianças devem
continuar utilizando as imagens).
Estamos muito contentes com o
extraordinário êxito que temos observados com crianças que foram
ensinadas a utilizar o PECS. Temos estudos controlados que apoiam o uso
do PECS em muitos estados nos Estados Unidos, América do Sul e Canadá,
desde crianças pequenas e adultos, e em crianças com autismo e outras
incapacidades severas de comunicação. Todas as crianças com quem temos
trabalhado em Delaware e New Jersey, tem aprendido, pelo menos, o
primeiro aspecto do PECS - intercambiar uma imagem(ou representação
visual) por um objeto desejado. Uma alta proporção destas crianças
aprendem a falar dentro de um ano ou dois após iniciar com o PECS.
O PECS é fácil de aprender a usar por terapeutas, pessoas e pais. Não
requer materiais complexos ou treinamento altamente técnico. Não requer
equipamento de alto custo, provas sofisticadas ou pessoal de alto custo
ou treinamento para os pais. É uma ajuda tanto dentro da sala de aula,
em casa como na comunidade. As crianças que tem aprendido outros
sistemas de comunicação, tem mudado rapidamente para o PECS e tem
expandido suas habilidades de comunicação. As crianças no PECS estão
altamente motivados a prender o sistema, porque eles podem obter
exatamente o que desejam.
Entendemos que crianças muito pequenas com
autismo, usualmente não tratarão de nos fazer felizes ou sentir prazer
com seus êxitos. Por meio do PECS, eles podem aprender a importância de
ter outra pessoa para que os ajude e possam aprender a confiar que a
pessoas responderão suas mensagens, entregues com calma. Com o sistema
correto, e o treinamento apropriado, uma imagem vale mais que mil
palavras.
In Universo Autista
Publicado por Paula Sofia ( Professora de Educação Especial- Agrupamento Gil Paes)